Leonardo Godim para O Poder Popular.

Fotos por Ana Vieira.

“Tudo que eu tenho eu devo ao meu trabalho e à força da população de Ipatinga, e me senti na obrigação de retribuir para a cidade nesse momento”. Assim Edelzuita Ferreira, mais conhecida como Duda das Cadeiras, descreve sua candidatura para vereadora. Criada desde os 6 anos de idade em Ipatinga, Duda quer lutar para que a juventude tenha oportunidades de emprego, esporte, cultura, saúde e, acima de tudo, de uma perspectiva de futuro.

Sua história de vida é uma prova de sua luta e perseverança. Mora no bairro Canaã desde 1972, quando o bairro ainda era uma zona rural, segundo ela. Seu pai era pedreiro e sua mãe, dona de casa, até seu pai adoecer e a mãe ter que garantir a renda da família. Mesmo com a infância difícil, como a da maioria das trabalhadoras brasileiras, Duda foi incentivada pela família a estudar. Assim, superando barreiras, se formou atleta, professora do magistério e técnica em mecânica e processamento de dados, o que a levou a trabalhar como metalúrgica na Usiminas. Mas seu gosto era a arte, e foi para São Paulo tentar ser artista cênica. Após três anos na capital paulista, voltou para Ipatinga e abriu seu próprio negócio, um bar. Trabalhando e usando esse espaço para impulsionar a cultura local, ficou por 10 anos no ramo, até começar a empresa que a consagrou em Ipatinga como “Duda das Cadeiras”. Com a locação de cadeiras para eventos, fez sua carreira profissional e vive até hoje dessa atividade.

Duda diz que sempre foi militante, defendendo os trabalhadores, as mulheres, a população negra e a juventude. Entrou no PCB pela confiança que tinha na construção do Poder Popular e num novo horizonte para os trabalhadores e trabalhadoras. E unindo sua personalidade combativa com o compromisso dos comunistas com a classe trabalhadora, Duda apresenta propostas para uma Ipatinga que valorize o que é fundamental: dar todo suporte aos profissionais que estão na ponta do serviço público – como na saúde, educação e assistência social –, que trabalham para que os direitos básicos de cada cidadão sejam garantidos, e ações de estímulo ao emprego, ao esporte e à cultura, que abram os horizontes da juventude de Ipatinga e estimulem a formação humana, social e cultural.

A educação está no topo do seu programa político. Para Duda, a educação pública deve ser de excelência e para todos, e não um serviço de má qualidade voltado somente para os pobres. Ela defende a valorização dos professores, com aumento salarial acima da inflação, buscando igualar o piso dessa categoria ao de profissionais valorizados na sociedade, como engenheiros e médicos. E junto à valorização dos profissionais de educação, defende a criação de escolas técnicas e programas de estágio remunerado que incentivem a juventude da cidade a continuar seus estudos. Ela ainda defende a retomada das feiras de ciências e de tecnologia que já existiram em Ipatinga mas foram descontinuadas.

Como ex-atleta, Duda destaca a importancia do esporte como espaço de inclusão, de formação pessoal e de fomento à saúde. Buscando retomar iniciativas desportivas na cidade, Duda propõe a reedição dos torneiros e campeonatos locais, incentivando nas escolas a formação de equipes. Olimpíadas desportivas são, para Duda, importantes instrumentos de fomento ao esporte, abrindo oportunidades para profissionalização de atletas, além de envolver escolas, município, comércios locais e o conjunto da população. Para isso, é fundamental um melhor uso das estruturas e aparelhos que existem na cidade, usando ao máximo a estrutura do município para oferecer políticas públicas para a população.

No âmbito da cultura, Duda vê a necessidade de criação de um Teatro Municipal em Ipatinga. O único teatro público existente hoje é um Teatro de Arena, sem estrutura para receber apresentações mais complexas, como apresentações musicais. Duda quer com essa proposta recuperar o protagonismo cultural da cidade, com festivais de teatro, música e poesia que coloquem Ipatinga no mapa da produção cultural de Minas Gerais. Para isso, leis municipais de incentivo à cultura irão cumprir um papel importante, valorizando os profissionais da cultura e abrindo oportunidades para artistas locais.

Duda também quer impulsionar políticas públicas de inclusão da comunidade LGBT e de pessoas com deficiência, questões que assume que Ipatinga ainda tem muito a avançar. São urgentes políticas que dialoguem com as demandas da comunidade LGBT, fortalecendo o SUS e o combate à discriminação de gênero. A comunidade LGBT possui um dos maiores índices de suicídio, e políticas voltadas à saúde mental são muito importantes para enfrentar esse problema.

Por fim, Duda também apresenta um projeto de criação de um Hospital Veterinário público, com cursos profissionalizantes que cubram a demanda por profissionais nessa área. Segundo ela, é cada vez mais comum animais de estimação fazerem parte das famílias de Ipatinga, e isso cria uma demanda de controle de zoonozes e oferta de serviços de castração e de saúde animal públicos. O acolhimento de animais abandonados também é uma demanda importante que poderia ser suprida com um Hospital Veterinário.

São muitas propostas, e Duda quer com elas combater o discurso dominante que tem comparado o orçamento público com a renda de uma família, que tem que contar as moedas para chegar ao fim do mês. Duda diz que Ipatinga é uma cidade rica, com um orçamento anual de mais de um bilhão de reais. Um orçamento dessa proporção tem que ser direcionado para melhorar a qualidade de vida da população da cidade, e suas propostas vão todas nesse sentido.

Em todas as propostas, há um pouco da sua história de vida. Talvez seja por isso que, para todas elas, Duda fala com segurança e argumenta firmemente. A candidata conhece a cidade, e diz que já visitou cada canto do Vale do Aço na sua atividade profissional. Suas reivindicações não são ideias tiradas da cabeça, mas necessidades que viu aparecerem na vida dos trabalhadores de Ipatinga durante décadas. Com essas demandas na ponta da língua, a candidata de primeira viagem surge como uma real voz dos trabalhadores de Ipatinga para ocupar a Câmara dos Vereadores.