Daniel Cristiano, na porta da Usiminas, em Ipatinga, agradece os votos ao PCB

De Leonardo Godim para o Poder Popular MG.

Ontem, dia 29 de novembro, deu-se fim ao segundo turno das eleições municipais de 2020. O PCB, que participou das eleições com candidaturas em Belo Horizonte, Betim, Sabará, Ipatinga, Uberaba e Juiz de fora, aglutinou 5794 votos em chapas próprias do PCB em todo o estado. O destaque é Ipatinga, onde a chapa dos comunistas alcançou 3521 votos. Em Juiz de Fora, o partido declarou, no segundo turno, apoio à candidatura de Margarida Salomão (PT), que saiu vitoriosa contra o empresário Wilson Rezato (PSB).

O resultado eleitoral no estado de Minas Gerais confirma a tendência nacional de fortalecimento dos partidos de direita e centro-direita. A composição das Câmaras Municipais segue a mesma direção, acentuada pela nova legislação que impede coligações nas eleições para o parlamento, diminuindo a força dos pequenos partidos no legislativo. Os trabalhadores mineiros, dessa forma, deverão se preparar para anos de duras lutas contra a investida da burguesia em sua contrarreforma do Estado, projeto que vê grande espaço nos partidos burgueses fisiológicos, comumente chamados de “centrão”.

O bolsonarismo, apesar de não ter arrastado nessas eleições tantos votos quanto em 2018, também não deve ser subestimado. Cidades estratégicas, como Ipatinga e Betim, ficaram na órbita do presidente, a primeira com um candidato projetado por Bolsonaro e o segundo com um candidato cujo partido, o PSD, faz parte do compromisso entre o governo federal e o “centrão”, cujo preço foi a concessão de cargos no governo.

Apesar da derrota de um projeto alternativo à reacionária contrarreforma do Estado, as eleições também sinalizam um amadurecimento da esquerda socialista no terreno eleitoral. Em Ipatinga, cidade onde o PCB tem seu melhor desempenho nas eleições em nível nacional, o grande mérito do partido foi apresentar novos nomes e aglutinar uma base mais ampla para a construção do Bloco do Poder Popular. Em Belo Horizonte, a chapa composta por PCB, UP e PSOL alcançou 103.115 votos na eleição para prefeitura, ficando na quarta posição, com uma votação expressiva dos respectivos partidos também nas eleições proporcionais.

Daniel Cristiano, candidato a vereador de Ipatinga, afirma que

“o PCB avaliou a grandeza da militância de Ipatinga, que se colocou a disposição tanto na chapa majoritária, com Diego Arthur e Bruno Anastácio, quanto a importância das mulheres, aposentados, trabalhadores informais, professores e professoras que se colocaram à disposição [de construir] a chapa proporcional”.

Segundo Daniel, que foi o segundo vereador mais votado da cidade mas não foi eleito, o partido avalia que uma chapa completa, com militantes convictos, poderá construir os votos necessários para atingir o quociente eleitoral e eleger legítimos representantes dos trabalhadores e trabalhadoras para o parlamento municipal de Ipatinga em um próximo momento.

“Para o próximo período – afirmou o secretário político do PCB Ipatinga, Daniel Cristiano –, [nossa tarefa] é continuar a inserção nos movimentos populares, sindicais, esportivos e culturais, para que o partido cresça cada vez mais e para que possamos amplificar a ressonância das pautas do conjunto da classe trabalhadora”.

Com esse direcionamento, o partido buscará atravessar a conjuntura sombria que assola o país e fortalecer a luta da classe trabalhadora rumo ao poder popular e o socialismo.

As eleições do dia 15 de novembro em Ipatinga foram conturbadas. Diversas denúncias de boca de urna foram feitas por fiscais que trabalharam nas eleições. Esse ano, segundo um dos fiscais presentes, esse tipo de atividade ilegal não foi em nada combatida, seja pelo poder judiciário, seja pela polícia. Em diversos momentos os agentes públicos que poderiam ter intervido – visto que a boca de urna é crime – foram alertados, mas a resposta foi nula, levantando questionamentos sobre a conivência destes agentes públicos com o crime eleitoral.

Em Belo Horizonte, a chapa do Partido Comunista Brasileiro recebeu 1052 votos, com destaque para Diego Miranda e Marianna Versiani, jovens comunistas que participaram das eleições pela primeira vez e receberam juntos 675 votos. Mesmo sem eleger um tribuno popular para o parlamento, o PCB  fortaleceu seu diálogo com diferentes setores da cidade através de suas 10 candidaturas, como estudantes, professores, aposentados, trabalhadores do transportes, torcidas antifascistas, mulheres operárias e a classe trabalhadora como um todo.

Em Sabará e Juiz de Fora, o partido lançou duas candidaturas para o legislativo, as do Professor Luis Fernando e a de Patrick, e compôs a chapa majoritária com o PSOL. Em Betim, além do candidato a vereador Amaury Alonso, apresentou a candidatura de Zulu para prefeitura da cidade. Já em Uberaba, foram duas candidaturas nas eleições proporcionais, com Brenda e Beto. Expandir a participação do PCB na vida política das cidades para todas as regiões de Minas Gerais é um dos objetivos do partido neste momento.

Com esse resultado, cabe aos comunistas manter a cabeça erguida e a firmeza nas fileiras do partido e se prepararem para as próximas lutas, partindo de todo acumulo histórico dos comunistas de luta e de defesa do socialismo. Com a inserção nos movimentos operário, popular e cultural, fortalecendo os instrumentos de luta da classe trabalhadora e se preparando para as batalhas decisivas, o PCB poderá contribuir para as mudanças revolucionárias que o Brasil exige e para o desenvolvimento histórico da humanidade até o socialismo.