Outra Minas Gerais é possível

O ato oficial de lançamento da Frente Minas Socialista na Praça da Sé, em Mariana, primeira capital mineira, na chuvosa noite de sexta-feira, 17 de agosto, mostrou a força das lutas do povo negro, responsável pela construção dos belos monumentos na região dos Inconfidentes, todos encharcados no sangue dos escravos e da dor das vítimas do crime da Samarco, mas que não recuam de seus sonhos, lutas e da busca de outro mundo, outra Minas Gerais e outro Brasil.

A Frente Minas Socialista, formada pelo PSOL, PCB, movimentos populares e sociais realizou o ato na cidade pela importância simbólica, indicando que não abre mão da luta por liberdade, justiça e igualdade, que, ainda que tardia, serão conquistadas.

No ato foram apresentados os nomes para a disputa das eleições de outubro que integram a Frente Minas Socialista.
Participaram do evento lideranças estudantis, partidárias, de movimentos negros, LBTS e mulheres, a candidata a governadora, a professora Dirlene Marques, sua vice, a professora Sara Azevedo, os candidatos a senador, professor Túlio Lopes e a transexual, Duda Salabert, e candidatos à Câmara Federal e para a Assembleia Legislativa.

Um senador pela unidade da classe trabalhadora e dos movimentos sociais e populares

O professor Túlio Lopes abriu o ato destacando a importância do lançamento oficial da Frente Minas Socialista na cidade de Mariana. “A cidade que foi a primeira capital mineira tem a marca do colonialismo e da escravidão em cada obra construída com o trabalho escravo, nas minas de onde tiraram o ouro, o ferro, a bauxita, por isso, o lançamento da Frente na região dos Inconfidentes simboliza a possibilidade de uma nova fase na história de Minas Gerais, da disposição de enfrentar a exploração dos capitalistas, que se enriquecem com a exploração cruel da classe trabalhadora e do meio ambiente”, disse o professor de história.

Túlio estudou na Universidade Federal de Ouro Preto,
integrou a direção do Centro Acadêmico de História e do DCE da UFOP, período que esteve junto nas lutas dos trabalhadores e da população da região dos Inconfidentes.
O candidato ao senado reafirmou que “a Frente Minas Socialista já é vitoriosa por aglutinar o conjunto dos movimentos sociais e populares, junto com o PSOL e PCB de Minas Gerais”, que não repetirá os erros da conciliação de classes, nem o sectarismo, que leva a classe trabalhadora ao isolamento em suas lutas pela construção do Poder Popular e do Socialismo. Ressaltou a importância de fortalecer a unidade contra os crimes do capitalismo, como o rompimento da barragem do Fundão, quando a Samarco sabia desse risco e nada fez para impedir que a comunidade de São Bento fosse destruída, deixando 19 mortos, e soterrando a história e os sonhos de centenas de moradores, que seguem sem uma solução que permita a retomada de suas vidas, com dignidade e respeito.

“A Frente Minas Socialista quer uma aliança com trabalhadores do campo e da cidade, com a juventude, as mulheres, os movimentos negros e LGBT’s, não com o PMDB ou os grandes empresários. Precisamos unir às lutas específicas com a lutas políticas gerais da classe trabalhadora”, concluiu Túlio.

Em seguida fizeram uso da palavra Duda Salabert, candidata ao senado, que destacou ser a primeira candidata transexual ao senado da América Latina, o que somente o PSOL e a Frente Minas Socialista possibilitarão, por seu caráter transformador e de respeito à vida e a dignidade humana.

Um governo de professoras

“Eu sempre estive nas lutas do povo”, lembrou a professora Dirlene Marques, resgatando as histórias das lutas do povo negro, que sofreu todos as violências da escravidão que enriqueceu uma minoria, a qual segue, agora com seus herdeiros, defendendo os mesmos valores do preconceito, do racismo e da exploração da classe trabalhadora.

“Com orgulho estou na disputa pelo governo de Minas Gerais, sendo a única candidata, professora e com uma tradição de lutas ao lado da classe trabalhadora”. “Vamos governar para colocar o estado a serviço da maioria, dos mais necessitados, dos marginalizados e explorados, da classe trabalhadora. Vamos investir em uma economia para fortalecer a agricultura familiar, a agroecologia e o consumo interno. Não vamos sustentar as grandes empresas e deixar a maioria da população sem as condições mínima, que devem ser garantidas pelo Estado”, disse Dirlene.

A participação da professora Dirlene Marques no primeiro debate entre os candidatos ao governo do Estado, mostrou que há possibilidade concreta de se ir ao segundo turno, pois não há mais como permitir o mais do mesmo, com governos que servem aos grandes empresários, deixando a classe trabalhadora e o povo sem ter seus direitos assegurados, enquanto os grandes empresários seguem aumentando seus patrimônios às custas do sofrimento da população que mais necessita.

A candidata a vice-governadora, Sara Azevedo, mostrou que Minas Gerais terá um governo de professoras, que conhecem as históricas lutas do povo mineiro, que precisa ser respeito, o que será feito pelo governo da Frente Minas Socialista.
Parlamentares de luta e comprometidos com a classe trabalhadora

Renata Regina, candidata a deputada federal pelo PCB, animou a militância e os populares presentes, destacando a necessidade da defesa do SUS, que sofre uma forte campanha contrária para que seja entregue aos setor da saúde privada. “São muitos desafios para defender o Estado Democrático de Direito e as liberdades individuais que enfrentam os ataques neoliberais”, afirmou Renata. “Precisamos ter parlamentares que estejam ao lado dos interesses nacionais, anti-imperialistas e anticapitalistas”.

O professor Luís Fernando destacou a importância do significado do lançamento da Frente Minas Socialista em Mariana. “Foi aqui que a Samarco tirou 19 vidas. Inaceitável.” Luís Fernando é candidato pelo PCB.

Para a presidente do PSOL, Maria da Consolação, candidata a deputada federal, “as urnas são pequenas para os sonhos dos socialistas e comunistas, queremos outro mundo, conquistaremos outro mundo,” lembrando que as organizações e militantes que integram a Frente Minas Socialista estão juntos nas ruas, nas lutas, nos sindicatos, nas praças e em todas as formas de resistência ao sistema que explora e oprime a classe trabalhadora, as mulheres, os LGBTs e o povo negro.

Muitos candidatos e candidatas a deputadas estaduais se manifestaram, todos e todas ressaltaram a disposição de fazer uma campanha para derrotar os que controlam o poder em Minas Gerais e no Brasil, a disposição em fazer outro mundo.

Guilherme Boulos e Sônia Guajajara para a mudar o Brasil
A Frente Minas Socialista reforçou a campanha de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara para a Presidência da República, a candidatura que uniu o PSOL, PCB, movimentos sociais e populares para enfrentar os retrocessos aplicados pelo ilegítimo governo Temer e seguir construindo a unidade na luta para avançar na luta.

O lançamento mostrou que, apesar da aparente apatia, desânimo ou do avanço de forças reacionárias, ainda há muita disposição para construir a unidade, organizar a classe trabalhadora, os setores populares e explorados para avançar na luta. O ato foi encerrado com a palavra de ordem “aqui está o povo sem medo, sem medo de lutar”.