No dia 12 de agosto, dia histórico de luta para as trabalhadoras e os trabalhadores do campo com o marco do assassinato da grande lutadora Margarida Alves, mais uma covardia é perpetrada contra aqueles que fazem da terra improdutiva a subsistência de uma cidade.

Mesmo com a crise sanitária da Covid-19, o Quilombo Campo Grande, localizado na cidade de Campo do Meio no sul de Minas Gerais, foi invadido com mais de 30 viaturas policiais a partir de uma ordem de despejo emitida pela Justiça Estadual. Na semana passada, policiais já tinham invadido casas no acampamento e prendido um dos acampados.

O governador Romeu Zema, que desativou a Escola Popular Eduardo Galeano do Quilombo no ano passado, tentou insinuar que a desocupação estava suspensa. Mas a desocupação continua com práticas de terror da Polícia Militar, uso de drones, invasões de casas na madrugada, com a demolição da Escola do Campo e com incêndio às plantações.

Há duas décadas, as mais de 450 famílias vivem na antiga área da Usina Ariadnópolis que faliu em 1996 sem pagar os direitos trabalhistas das/dos funcionárias/os. Sem a Usina, sem dinheiro e sem trabalho, as trabalhadoras e os trabalhadores ocuparam a área.

Quem pede o despejo das famílias é o empresário Jovane de Souza Macedo, antigo dono da falida usina, que usa como argumento um contrato firmado há dois anos com a empresa Jodil Agropecuária e Participações Ltda., cujo proprietário é João Faria da Silva (conhecido como o “maior produtor e exportador individual de café do país”). 

Prestamos nossa solidariedade à luta das mais de 450 famílias do Quilombo Campo Grande, que sofrem hoje diante da brutal força militar imposta em benefício do latifúndio e com a conivência do governador Romeu Zema. Reconhecemos o vigor do Quilombo Campo Grande na construção de uma unidade de trabalhadores, realizando um cultivo agrícola saudável, livre de agrotóxicos, possibilitando acesso à trabalho, renda e saúde à população. 

Repudiamos o governo Zema, as coalizões de força entre políticos locais, fazendeiros, latifundiários e autoridades jurídicas por esse crime contra a vida de todos do Quilombo Campo Grande.

Contra o latifúndio que só gera violência, abandono e morte!

Contra a criminalização dos movimentos populares!

Todo apoio ao Quilombo Grande! Despejo na pandemia é crime! Fora Zema!

Coordenação Estadual do Fórum Mineiro de Lutas