{"id":74705,"date":"2020-07-03T14:53:19","date_gmt":"2020-07-03T14:53:19","guid":{"rendered":"https:\/\/www.poderpopularmg.org\/?p=74705"},"modified":"2020-07-03T14:56:38","modified_gmt":"2020-07-03T14:56:38","slug":"contra-ensino-remoto-na-ufmg","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.poderpopularmg.org\/contra-ensino-remoto-na-ufmg\/","title":{"rendered":"Manifesto do Movimento Universidade Popular Contra o Ensino Remoto Emergencial na UFMG"},"content":{"rendered":"

Na UFMG, o Ensino Remoto Emergencial (ERE), como um arremedo de <\/span>educa\u00e7\u00e3o \u00e0 dist\u00e2ncia virtual, <\/span>tem sido defendido pela reitoria e os \u00f3rg\u00e3os colegiados como sa\u00edda <\/span>diante da situa\u00e7\u00e3o da pandemia de coronav\u00edrus para a sequ\u00eancia ao ano letivo de 2020 dos seus cursos presenciais. E por mais que o reitorado insista em afirmar que <\/span>o debate sobre <\/span>o retorno \u00e0s atividades vem sendo realizado de forma participativa e democr\u00e1tica, o que presenciamos, no conjunto das arenas administrativas, \u00e9 a <\/span>imposi\u00e7\u00e3o<\/b> do ensino e trabalho remotos a estudantes, t\u00e9cnicos administrativos em educa\u00e7\u00e3o (TAEs) e docentes.<\/span><\/p>\n

O que deve ser desvelado neste debate \u00e9 a aceita\u00e7\u00e3o pr\u00e9via do reitorado \u00e0s recomenda\u00e7\u00f5es que, com a intensifica\u00e7\u00e3o da pandemia, foram dirigidas pelo MEC\u00a0 (BRASIL, 2020) e, recentemente, pelo Conselho Nacional de Educa\u00e7\u00e3o (CNE, 2020) sobre a reorganiza\u00e7\u00e3o do calend\u00e1rio escolar e do c\u00f4mputo das atividades pedag\u00f3gicas presenciais por n\u00e3o presenciais. Ou seja, o debate que se diz acontecer na UFMG, e as consultas dele decorrentes \u00e0 comunidade interna, tem sido muito bem conduzidos pelo reitorado e, ao que parece, a partir de um direcionamento pr\u00e9vio e bem objetivo sob a ins\u00edgnia \u201cemergencial\u201d na pandemia: da substitui\u00e7\u00e3o de disciplinas presenciais por aulas n\u00e3o presenciais de forma permanente – o que indica prov\u00e1vel avan\u00e7o na regulamenta\u00e7\u00e3o das atividades complementares, das avalia\u00e7\u00f5es, dos trabalhos de conclus\u00e3o de cursos e das aulas de laborat\u00f3rio, n\u00e3o exclu\u00eddas as atividades de extens\u00e3o universit\u00e1ria e os est\u00e1gios, para as modalidades virtuais. Qualificar as atividades administrativas e acad\u00eamicas virtuais para al\u00e9m do tempo da pandemia se apresenta, portanto como um objetivo real do reitorado, o que justifica seu movimento atual de preparar novas normas internas para a implementa\u00e7\u00e3o do teletrabalho para docentes e TAEs e proceder o atendimento ao p\u00fablico tamb\u00e9m remotamente. Elementos, portanto centrais que manifestam a flexibiliza\u00e7\u00e3o do trabalho e da educa\u00e7\u00e3o no curso da implanta\u00e7\u00e3o do que interessa ao reitorado do projeto Future-se na Universidade (UFMG, 2019).\u00a0<\/span><\/p>\n

As a\u00e7\u00f5es j\u00e1 adotadas e em execu\u00e7\u00e3o para o que a Reitoria tem alardeado como <\/span>novo normal na UFMG<\/span><\/i> s\u00e3o incompat\u00edveis com as demandas particulares de grande parte da comunidade universit\u00e1ria (UFMG, 2020a). Al\u00e9m disso, uma vez que tamb\u00e9m buscam monetizar as pol\u00edticas de assist\u00eancia estudantil e de inclus\u00e3o digital da UFMG, elas deslocam a responsabilidade da condu\u00e7\u00e3o do ERE para os estudantes, docentes e TAEs, com claras inten\u00e7\u00f5es de minimizar as responsabilidades da institui\u00e7\u00e3o sobre as prov\u00e1veis lacunas da forma\u00e7\u00e3o e da grande evas\u00e3o estudantil esperada dos cursos. Os dados apresentados pela Reitoria demonstram que, aproximadamente, nove mil estudantes (30%) tendem a ter s\u00e9rias dificuldades para a condu\u00e7\u00e3o dos seus processos formativos<\/strong> (UFMG, 2020b), seja por incompatibilidades digitais, seja por situa\u00e7\u00f5es e ou condi\u00e7\u00f5es sociais n\u00e3o san\u00e1veis pela pol\u00edtica de assist\u00eancia estudantil local ou por qualquer outra pol\u00edtica social conduzida pelo estado burgu\u00eas. Tudo indica que os dados consultados referentes aos docentes e TAEs n\u00e3o ser\u00e3o divulgados a fundo pela universidade, uma vez que manifestar\u00e3o novas e velhas quest\u00f5es do mundo do trabalho – como sobre as responsabilidades de aquisi\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o dos meios e instrumentos para o trabalho remoto, regulamenta\u00e7\u00e3o das jornada de trabalho, sobre a seguran\u00e7a digital, entre outros – que inviabilizariam o sorrateiro projeto de educa\u00e7\u00e3o remota precarizada que ser\u00e1 assumida pela UFMG sob a carta branca do sindicalismo de resultados protagonizados pelo SINDIFES e pela APUBH. Estes sindicatos al\u00e9m de terem orientado o trabalho remoto sem exig\u00eancias para a sua regulamenta\u00e7\u00e3o na universidade (APUBH, 2020; MATIAS, 2020), acenaram disposi\u00e7\u00e3o para a conciliarem com o reitorado a precariza\u00e7\u00e3o da educa\u00e7\u00e3o em curso na UFMG tamb\u00e9m sob o ilus\u00f3rio mote: os\u00a0<\/em><\/span>estudantes n\u00e3o ficar\u00e3o para tr\u00e1s ou ser\u00e3o prejudicados<\/span><\/em>.<\/span><\/p>\n

A avalia\u00e7\u00e3o do Movimento Universidade Popular (MUP) \u00e9 que a categoria discente j\u00e1 est\u00e1 para tr\u00e1s h\u00e1 muito tempo! E ficar\u00e1 ainda mais diante de um ERE que ignora as novas situa\u00e7\u00f5es vividas pelos estudantes na pandemia. As situa\u00e7\u00f5es compartilhadas s\u00e3o muitas. O isolamento social tem exigido novos comportamentos e atribui\u00e7\u00f5es. \u00c9 de se fazer assumir, neste debate, que <\/span>muitos dividem moradias e est\u00e3o lidando diretamente no cuidado pessoal e de familiares que contra\u00edram o novo coronav\u00edrus. Reconhecemos tamb\u00e9m um n\u00famero significativo de m\u00e3es estudantes que, neste momento, por n\u00e3o possu\u00edrem acesso \u00e0 creches ou a escolas para seus filhos e filhas, assumiram o cuidado integral das crian\u00e7as, somado ao acompanhamento das aulas, tamb\u00e9m remotas e j\u00e1 reconhecidas como incipientes, oferecidas pelas escolas prim\u00e1rias. <\/span><\/p>\n

Jovens trabalhadores e trabalhadoras estudantes tamb\u00e9m existem na UFMG. E n\u00e3o bastassem as duras e precarizadas condi\u00e7\u00f5es de trabalho, emprego e moradia, ainda ser\u00e3o necess\u00e1rias novas organiza\u00e7\u00f5es para assumirem o ERE <\/span>onde e do jeito que conseguirem<\/span><\/i>. Certo ser\u00e1 que o percurso do ERE n\u00e3o deixar\u00e1 de provocar os agravos \u00e0 sa\u00fade, com a diferen\u00e7a de que caber\u00e1 a cada um e cada uma buscar assist\u00eancia dentro das suas possibilidades e disponibilidades. Para a UFMG, ao que parece, estar\u00e1 tudo bem se esses estudantes ficarem para tr\u00e1s! Afinal, novas medidas de flexibiliza\u00e7\u00e3o das normas acad\u00eamicas para trancamentos j\u00e1 foram anunciadas. Quanto aos docentes e TAEs que vivem situa\u00e7\u00f5es similares, nada tem se discutido ou proposto em \u00e2mbitos gerais, inclusive nas suas respectivas arenas sindicais.\u00a0<\/span><\/p>\n

A situa\u00e7\u00e3o de cont\u00e1gio do novo coronav\u00edrus exige a paralisa\u00e7\u00e3o das atividades presenciais de ensino sem preju\u00edzos nos percursos curriculares formais. Melhor seria se os colegiados dos cursos tivessem trabalhado com seu corpo docente e TAEs novas ofertas pedag\u00f3gicas a partir das condi\u00e7\u00f5es e necessidades dos seus estudantes. A retomada do <\/span>ano letivo de 2020<\/span> deveria ter sido assumida pela diretriz da complementaridade da forma\u00e7\u00e3o curricular (por meio de pesquisa e extens\u00e3o, de estudos dirigidos, entre outros) e n\u00e3o pela suplementa\u00e7\u00e3o das atividades presenciais de ensino por ERE ou qualquer outra modalidade de \u00a0tecnologia virtual e digital.<\/span><\/p>\n

A comunidade da UFMG precisa debater o ERE considerando o processo recente de sucateamento e de precariza\u00e7\u00e3o do ensino superior em curso, da sua rela\u00e7\u00e3o com o atualizado projeto Future-se (BEZERRA, 2020), bem como com as in\u00fameras e recentes medidas adotadas pelo reitorado que, sob um discurso mascarado pela democracia liberal, tem contribu\u00eddo, e muito, para a implementa\u00e7\u00e3o de um modelo empresarial de educa\u00e7\u00e3o na UFMG.\u00a0<\/span><\/p>\n

Contra o Ensino Remoto Emergencial e o Ensino \u00e0 Dist\u00e2ncia!<\/b><\/p>\n

Que nenhum estudante realmente fique para tr\u00e1s!<\/b><\/p>\n

Por uma universidade constru\u00edda com base nas necessidades e capacidades <\/b>da juventude e classe trabalhadora!<\/b><\/p>\n

Lutar, criar Universidade Popular!<\/b><\/p>\n

 <\/p>\n

Refer\u00eancias<\/b><\/p>\n

APUBH. Nota da Diretoria do APUBH: Resolu\u00e7\u00f5es da Assembleia de 15 de maio. Dispon\u00edvel em: <\/span>https:\/\/apubh.org.br\/acontece\/nota-da-diretoria-do-apubh-resolucoes-da-assembleia-de-15-de-maio\/<\/span><\/a><\/p>\n

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. <\/span>A\u00e7\u00f5es emergenciais e em execu\u00e7\u00e3o. Apresenta\u00e7\u00e3o. 2020a. 10p. Dispon\u00edvel em: <\/span>http:\/\/www.ppgcom.fafich.ufmg.br\/noticias\/Apresentacao_Conselho_acoes_emergenciais.pdf<\/span><\/a><\/p>\n

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Consulta a estudantes da UFMG: relat\u00f3rio s\u00edntese – quest\u00f5es objetivas gradua\u00e7\u00e3o<\/span>. Apresenta\u00e7\u00e3o. 2020b. 16p. Dispon\u00edvel em: <\/span>https:\/\/www.ufmg.br\/prae\/wp-content\/uploads\/2020\/06\/Consulta_Estudantes_Relatorio_Sintese_Graduacao.pdf<\/span><\/a><\/p>\n

BEZERRA, F\u00e1bio. Future-se 2.0: os retrocessos na Educa\u00e7\u00e3o. 2020. Dispon\u00edvel em: <\/span>https:\/\/pcb.org.br\/portal2\/25709\/future-se-2-0-os-retrocessos-na-educacao\/<\/span><\/a><\/p>\n

BRASIL. Portaria N\u00ba 544, de 16 de junho de 2020. Disp\u00f5e sobre a substitui\u00e7\u00e3o das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situa\u00e7\u00e3o de pandemia do novo coronav\u00edrus – Covid-19, e revoga as Portarias MEC n\u00ba 343, de 17 de mar\u00e7o de 2020, n\u00ba 345, de 19 de mar\u00e7o de 2020, e n\u00ba 473, de 12 de maio de 2020. DOU, 17 jun 2020, edi\u00e7\u00e3o 114, se\u00e7\u00e3o: 1, p.62. Dispon\u00edvel em: <\/span>http:\/\/www.in.gov.br\/en\/web\/dou\/-\/portaria-n-544-de-16-de-junho-de-2020-261924872<\/span><\/a><\/p>\n

CONSELHO NACIONAL DE EDUCA\u00c7\u00c3O. <\/span>Parecer \u00a0 CNE\/CP \u00a0 n\u00ba \u00a0 9\/2020. Reexame do Parecer CNE\/CP n\u00ba 5\/2020, que tratou da reorganiza\u00e7\u00e3o do Calend\u00e1rio Escolar e da possibilidade de c\u00f4mputo de atividades n\u00e3o presenciais para fins de cumprimento da carga hor\u00e1ria m\u00ednima anual, em raz\u00e3o da Pandemia da COVID-19. 2020. Dispon\u00edvel em: <\/span>http:\/\/portal.mec.gov.br\/index.php?option=com_docman&view=download&alias=147041-pcp009-20&category_slug=junho-2020-pdf&Itemid=30192<\/span><\/a><\/p>\n

MATIAS, Vin\u00edcius. <\/span>UFMG, CEFET-MG e IFMG suspendem as atividades presenciais e orientam trabalho remoto em raz\u00e3o das medidas de preven\u00e7\u00e3o a pandemia do coronav\u00edrus. 2020. Dispon\u00edvel em:<\/span><\/p>\n

https:\/\/sindifes.org.br\/ufmg-cefet-mg-e-ifmg-suspendem-as-atividades-presenciais-e-orientam-trabalho-remoto-em-razao-das-medidas-de-prevencao-a-pandemia-do-coronavirus\/<\/span><\/a><\/p>\n

UFMG. Gabinete da Reitora. Nota a comunidade acad\u00eamica. 2019. Dispon\u00edvel em: <\/span>https:\/\/ufmg.br\/storage\/a\/0\/2\/e\/a02e5c5b5111f1604962df9e8ad1bdb2_15653964496614_1794882514.pdf<\/span><\/a><\/p>\n

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